CPI do Cachoeira
é a mais lenta em 20 anos
Folha de S.Paulo_On line
Breno Costa
Com
potencial para envolver parlamentares e três governadores, a CPI do Cachoeira
chega a quase um mês de existência com a marca de comissão mais lenta dos
últimos 20 anos entre as destinadas a investigar corrupção.
A Folha analisou
outras dez grandes comissões de inquérito criadas desde a CPI do Collor (1992).
Nunca antes, em seus primeiros 15 dias de trabalho (descontados fins de semana,
feriados e recessos), uma comissão ouviu tão poucos envolvidos e demorou tanto
para tomar seu primeiro depoimento público.
Durante a semana a CPI foi alvo de acordo entre
governo e oposição para restringir o alcance das investigações.
A primeira tomada de depoimento público, do
empresário Carlinhos Cachoeira, está marcada para terça-feira. A previsão
inicial era que ocorresse na semana passada, mas os advogados de Cachoeira
conseguiram no Supremo suspender a sessão alegando que não haviam tido acesso
ao processo. Mesmo que o empresário tivesse dado o depoimento, o cenário da CPI
em relação a comissões anteriores não mudaria.
Ainda que sejam contabilizados os depoimentos
secretos dos delegados responsáveis pelas operações Vegas e Monte Carlo, a
produtividade do caso Cachoeira é muito menor que outras. Em média, no mesmo
período, as outras CPIs já tinham realizado oito depoimentos.
A CPI dos Bancos, criada em 1999 para investigar o
auxílio oficial dado ao banqueiro Salvatore Cacciola, já tinha ouvido 17
pessoas. A do Banestado, que apurou um esquema ilegal de envio de dinheiro ao
exterior, tinha feito 12 oitivas em duas semanas.
Mesmo as CPIs que contaram com blindagem mais
explícita para conter maiores estragos ao Palácio do Planalto, como a dos
Cartões Corporativos (2008) e a da Petrobras (2009), foram mais céleres em suas
primeiras semanas de atividade, com seis e sete depoimentos, respectivamente.
O presidente da CPI, senador Vital do Rêgo
(PMDB-PB), diz que a comissão é atípica porque o "trem já estava
andando" --a CPI nasceu de uma operação da Polícia Federal. "A
comissão está num ritmo adequado", disse. "O governo está usando um
rolo compressor", diz o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR), eximindo
de responsabilidade a oposição, que atua para impedir a convocação do
governador tucano Marconi Perillo (GO).
Até quarta, a CPI do Cachoeira também se
notabilizava por ser a que menos havia aprovado requerimentos. Na quinta, uma
série de pedidos de convocação e quebras de sigilo foi aprovada. Ainda assim, o
número de requerimentos derrubados não tem precedentes: 64 só na quinta.
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