sábado, 21 de julho de 2012

Telefonia móvel: quem está satisfeitos?


A Folha de S.Paulo acerta ao criticar a ANATEL por não levar em conta os indicadores, mas erra em não considerar importante a satisfação dos consumidores. O problema são os indicadores escolhidos ou o acompanhamento? Infelizmente a matéria nada diz sobre isto.


Uol

21/07/2012

Anatel deixa critério técnico em 2º plano para punir operadoras

JULIO WIZIACK
ANDREZA MATAIS
JULIA BORBA

A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) deixou em segundo plano critérios técnicos adotados por ela e usou reclamações de consumidores para justificar a suspensão, a partir de segunda, da venda de novas linhas por três das quatro principais teles: TIM, Oi e Claro.

Até hoje, a agência avaliava os serviços com base em um conjunto de indicadores, três dos quais auferem a qualidade da rede. Nesses, todas as quatro maiores operadoras apresentavam números dentro da meta estabelecida, embora longe de um índice de excelência (veja quadro abaixo).

Por isso, as teles afirmam que não há estado de "calamidade pública" no setor e tentam reverter a punição.

Claro e Oi entregaram propostas de ajuste, mas a agência não aceitou os planos apresentados pelas duas operadoras nos últimos dois dias.

Já a TIM entrou na Justiça ontem com mandado de segurança, para tentar manter as vendas. O argumento é o de que a Anatel considerou as reclamações registradas em seu call center, algo que, para as teles, contraria o regulamento que define como medir a qualidade.

FALHAS CONHECIDAS
Documentos obtidos pela Folha mostram que, usando os critérios técnicos, a Anatel havia detectado, em 2010, desempenho insuficiente tanto por parte da TIM quanto da Claro. A primeira tinha desempenho 30% abaixo do desejado; a segunda, 17%.

O caso da TIM era mais gritante porque, ao lançar o plano Infinity (ligações ilimitadas), ampliou muito rapidamente sua base de clientes.

A sobrecarga da rede levou a Anatel a abrir um processo contra a TIM. A opção, naquele momento, foi impor à operadora um plano de "investimento acompanhado".

Agora, a Anatel diz que os investimentos da TIM não foram suficientes e que havia risco de "pane sistêmica".

Não há, no documento a que a Folha teve acesso, argumentos técnicos ou referência a informes da área técnica. A TIM, que nega o risco, diz que o plano foi aprovado integralmente pela agência.

Consultada sobre as divergências de critérios, a Anatel não respondeu até o fechamento desta edição.

A VEZ DO CONSUMIDOR
Embora a Justiça houvesse, desde 2011, suspendido a venda de chips de diferentes operadoras em diferentes Estados, a Anatel vinha optando por outras medidas.

Em 2009, a venda do Speedy (serviço de internet da Telefônica) só foi suspensa após pane que deixou São Paulo sem conexão durante três dias. Na semana passada, a Anatel havia aprovado o plano de metas da TIM e adiado a possibilidade de suspensão.
A nova medida coincide com pressões da presidente Dilma para que as agências demonstrem claramente que estão ao lado do consumidor.
Foi tomada também depois de parlamentares terem inquirido o ministro Paulo Bernardo (Comunicações) e João Rezende, presidente da Anatel, em audiência pública, sobre a qualidade da telefonia.


Para o advogado Pedro Dutra, especialista em defesa da concorrência, a mudança de critérios pode ser chamada de "regulação plebiscitária". "O governo toma uma decisão que agrada à opinião pública, mas que, no longo prazo, não resolve o problema."

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Pompas para nada.


Desde sexta-feira a Rede Globo prometia uma entrevista bombástica e reveladora com a ex-primeira dama Rosane Collor mas o que entregou foi uma conversa desimportante entre uma jornalista mediana e uma personagem medíocre.

 


Fantástico

15/07/2012

Renata Ceribelli

 

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Entre a insensatez e a leviandade


Colunista do Estadão extrapola o bom senso ao criticar as pesquisas que medem a aprovação dos últimos presidentes do Brasil. Duvidar delas é dever de ofício do jornalista, mas isto deve ser feito tecnicamente e não com argumentos pueris. Outra opção é entender o que elas revelam, mas isto seria jornalismo. Não é este o caso.


Estadão

06/07/2012

Augusto Nunes


Ainda convalescendo da vaia em São Bernardo do Campo, Dilma Rousseff voltou a ouvir no Rio de Janeiro, nesta sexta-feira, o mais desconcertante dos protestos sonoros. O neurônio solitário deve estar pálido de espanto com o enigma. No fim de junho, uma pesquisa do Ibope informou que apenas 8% dos brasileiros reprovam o desempenho da presidente. E comunicou à nação que o recorde estabelecido pela chefe de governo colocou Dilma Rousseff à frente de todos os seus antecessores desde a Proclamação da República.

Como combinar as duas informações do Ibope com duas vaias em dois dias? Se o preço da encomenda for suficientemente estimulante, qualquer comerciante de porcentagens conseguirá decifrar o enigma com uma pesquisa restrita aos participantes das manifestações. Ficará provado que tanto no Rio quanto em São Bernardo os atos de protesto juntaram os mesmíssimos 8% de eternos descontentes.
Como são poucos, esses inimigos da pátria resolveram fantasiar-se de estudantes para desmoralizar a UNE, piorar o humor da presidente e, sobretudo, reduzir os lucros dos fabricantes de estatísticas com a invenção de outra brasileirice: a vaia ambulante. A pesquisa reanimaria Dilma Rousseff com a descoberta de que a vaia do Rio saiu das mesmas gargantas que se esgoelaram em São Bernardo.
Mas convém apressar o serviço. Se o bando de manifestantes continuar comparecendo às aparições públicas da recordista, e a temporada de protestos estender-se até o ínício do julgamento do mensalão, nem os milicianos do PT acreditarão nos rankings dos campeões de popularidade montados pelos sensus, ibopes e voxpopulis do Brasil Maravilha. Em todos, o primeiro colocado é sempre quem está no poder.

domingo, 1 de julho de 2012

Título infeliz


Veja/Agência Estado

1º/07/2012

Homicídios em São Paulo disparam na capital em junho





Uma onda de homicídios passou a assustar os moradores das periferias da capital paulista nos últimos 11 dias, período em que os ataques contra policiais militares e os incêndios a ônibus se intensificaram. Entre a meia-noite do dia 17 e as 23h59 de anteontem, 127 pessoas morreram assassinadas em São Paulo. O total é 53% maior do que o total de homicídios nos 30 dias de junho no ano passado. Os dados são do Sistema de Informações Criminais (Infocrim) da Secretaria da Segurança Pública. O crescimento da violência começou a se acelerar depois da onda de assassinatos que já matou seis policiais em São Paulo. A primeira execução ocorreu no dia 12, com a morte do soldado Valdir Inocêncio dos Santos, de 39 anos. Entre os dias 17 e 23, mais cinco policiais morreram.

A comparação entre a proporção dos dados de homicídios na capital e no estado revelam que o problema se concentra no município de São Paulo. Conforme dados do Infocrim, os 127 homicídios dos últimos 11 dias na capital representam 73% dos 174 assassinatos no estado. Em junho do ano passado, os homicídios da cidade representaram 27% desse total. "É uma situação alarmante e mostra a fragilidade da redução da violência. A cidade parece estar novamente diante de um ciclo de vinganças. Trata-se de uma visão de guerra", afirma o antropólogo Paulo Malvasi, autor de uma tese de doutorado sobre o mercado de drogas na cidade.
O Capão Redondo, na zona sul, foi o bairro que concentrou a maior quantidade de homicídios nos últimos dez dias. Entre a 0 hora do dia 17 e as 23h59 do dia 28, morreram 21 pessoas na área do 47.º DP. Em junho de 2011, morreram 38 pessoas no bairro. A situação também foi violenta na região central. No 1° DP, na região Sé, foram assassinadas 12 pessoas nos últimos dez dias. Em junho do ano passado, não houve nenhum assassinato na região.

sábado, 30 de junho de 2012

Nelsinho Motta tem todo o direito de manifestar sua opinião sobre qualquer assunto, mas errou feio na escolha da metáfora e ao nivelar um princípio fundamental do direito, o devido processo legal, com o que ele chama de “as formalidade do barroco latino-americano”.

Estadão

30/06/2012

Nelson Motta

A regra é clara: cartão vermelho

Certos jogos de futebol são tão ruins que parecem intermináveis, quando os comentaristas dizem que os dois times poderiam continuar jogando a noite inteira que não sairiam do 0 a 0. A metáfora de sabor alulado é perfeita para expressar a destituição de Fernando Lugo da Presidência do Paraguai, mas não pela legalidade ou velocidade com que foi goleado por 76 a 1 no Congresso e depois no Tribunal Eleitoral e na Suprema Corte: na Constituição deles a regra é clara.
Mas caso os paraguaios resolvessem instaurar uma comissão de impeachment, cumprindo todos os ritos e formalidades do barroco latino-americano, como exigem os democratas Chávez, Cristina e Correa, até os paralelepípedos das ruas de Ypacaraí sabem que eles poderiam ficar num diálogo de surdos meses a fio, como num jogo ruim de futebol, que o resultado final não seria diferente.
Então, por que perder tempo e dinheiro e parar o país? Para ouvir estrangeiros dando pitaco nos problemas dos paraguaios, alguns até dispostos a dar dinheiro e armas para os "movimentos sociais" defenderem Lugo numa guerra civil? Em time que está perdendo não se mexe?
Até seus parcos partidários sabem que Lugo se embananou, tanto que entubou resignado a sua destituição ao vivo, diante de todo o país. Além da gestão desastrosa, Lugo decepcionou seu eleitorado popular desenvolvendo uma paixão por hotéis cinco estrelas e restaurantes de luxo em suas frequentes viagens ao exterior, no mínimo uma por mês, sempre com festivas comitivas, para agendas duvidosas. Descontente com o desconforto da primeira classe nos voos comerciais, tentou que a Itaipu Binacional lhe comprasse um Aerolugo da Embraer, mas a diretoria cortou suas asas. Negociava um Challenger usado de um cartola do futebol quando foi defenestrado.
O que a nossa diplomacia companheira vai fazer agora, além de estender o tapetão para a entrada da Venezuela no Mercosul? Vão obrigar o Paraguai a desrespeitar ou a mudar a sua Constituição? Vão dar ao novo governo direito de defesa na Unasul? Ou vão dar um chapelão a Lugo e abrigá-lo na Embaixada do Brasil em Assunção?

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Para além do diagnóstico apressado


Poucos na mídia foram além do diagnóstico a respeito do impeachment do Presidente do Paraguai. Clóvis Rossi apresenta a gênese do processo.

Uol

26/06/2012

Clóvis Rossi

Nove meses, o parto do golpe





O "New York Times" espantou-se com o fato de que o presidente Fernando Lugo foi afastado quando faltam apenas nove meses para a eleição de seu sucessor. 

O espanto caberia, se não fosse o fato de que são precisamente esses nove meses que explicam o fuzilamento sumário do então presidente.
No Paraguai, muito mais do que no Brasil, o uso da máquina pública é crucial para ganhar eleições. E a máquina pública paraguaia é uma obra do Partido Colorado, que ocupou o poder sem interrupções desde 1947 até a vitória de Lugo em 2008. Sem contar o período 1887/1904 em que também foi dominante.

Para recuperar o poder em 2013, os colorados precisavam evitar que Lugo atrapalhasse o uso da máquina, na qual continuam bem incrustados, apesar da derrota de 2008.

Da mesma forma, os liberais precisam do poder - que ocuparam por quase 40 anos, desde a chamada "Revolução Liberal" de 1904 - para ganhar com um nome de seus próprios quadros.

Em 2008, tiveram que pegar carona na candidatura de Lugo, fornecendo o vice-presidente, o hoje presidente Federico Franco, e o apoio parlamentar de seus 14 senadores e 27 deputados.

Lugo de aliado passava a ser um estorvo, mesmo não podendo candidatar-se de novo ele próprio (a Constituição veda a reeleição).

Juntou-se então a fome de poder de ambos os grandes partidos com a vontade de comer o pleito de 2013 - e Lugo virou um cadáver político. Ainda mais que a eles se somou o movimento criado pelo general golpista Lino Oviedo.

Os três grupos, somados, têm 38 senadores em 45 e 62 deputados em 80. Nenhuma surpresa, pois, com a forte maioria obtida primeiro para a instauração do processo de impeachment e, em seguida, para o fuzilamento sumário do presidente.

Posto de outra forma: a derrubada de Lugo foi o primeiro movimento para a sucessão. O próprio Lugo, em entrevista à Telesur venezuelana, adotou essa interpretação ao dizer que "há indícios sérios e claros de que Horacio Cartes está por trás [do julgamento político], [porque] sabe que sua candidatura não está crescendo".

Cartes é o pré-candidato favorito no Partido Colorado, mas precisa da máquina para decolar.

Ele apareceu nos papéis do Departamento de Estado vazados pelo Wikileaks como vinculado ao narcotráfico, relembrou ontem o jornal "El País". Claro que ele nega, como quase todos os políticos acusados de crimes.

Dado que os vizinhos sul-americanos do Paraguai ameaçam suspendê-lo até que eleições democráticas em abril devolvam o país à plenitude democrática, o que é um reconhecimento implícito de que o afastamento de Lugo é irreversível, cabe uma pergunta, especialmente à diplomacia brasileira: vale, para o Paraguai, a ideia de que é absolutamente intocável a soberania de todo e qualquer país, conceito aplicado por exemplo, às ditaduras da Síria e da Líbia?

Ou seria no mínimo prudente vigiar a campanha eleitoral para evitar que métodos e dinheiros pouco limpos levem ao poder uma figura sob suspeita em um vizinho e sócio?

sábado, 16 de junho de 2012

Trabalho feito pela metade


Com razão a imprensa se preocupa com a possibilidade de faltar quórum para a votação do caso Demóstenes no Conselho de Ética.

Eu fico ainda mais preocupado pelo fato da jornalista não ter feito seu dever de casa. O Conselho de Ética do Senado é formado por 15 titulares e 12 suplentes, e seus membros são conhecidos pela imprensa.

A minha pergunta é: Por que a imprensa não foi a cada um dos gabinetes solicitar a agenda do parlamentar para a próxima segunda-feira? Por que não entrevistou cada um deles e para confirmar a participação no Conselho na próxima segunda-feira? A divulgação destas informações poderia provocar a manifestação dos eleitores para que eles estivessem presentes.


UOL

16/06/2012

Camila Campanerut



Ação no STF e baixo quorum ameaçam votação de caso Demóstenes no Conselho de Ética

Um mandado de segurança apresentado ao STF (Supremo Tribunal Federal) e a ausência de parlamentares em Brasília ao longo da semana podem comprometer a votação do relatório sobre o processo disciplinar contra o senador Demóstenes Torres (sem partido, ex-DEM-GO). O Conselho de Ética do Senado definiu na última terça (12), que o texto do relator Humberto Costa (PT-PE) seria votado na tarde de segunda-feira (18).
Demóstenes é acusado de ter colocado o seu mandato a serviço do contraventor Carlinhos Cachoeira. No início da noite desta sexta-feira (15) o senador protocolou no Conselho suas alegações finais de defesa. O relator, por meio de sua assessoria, informou que analisará o documento durante o fim de semana e agregará ao relatório os esclarecimentos que julgar necessários.
O documento a ser apresentado por Humberto Costa avaliará se houve ou não quebra de decoro parlamentar por parte de Demóstenes e, se houve, definirá sua punição, que pode chegar até à cassação de seu mandato.
Depois de lido o relatório, a defesa do senador terá 20 minutos para se pronunciar, o que pode ser feito também por escrito. Em seguida, Humberto Costa pronunciará seu voto final. Os senadores presentes na reunião, integrantes ou não do Conselho, terão dez minutos cada para discutir a posição do relator.
No entanto, é possível que não haja muitos senadores presentes para debater o relatório, já que a Rio+20, Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, atrairá muitos parlamentares para o Rio de Janeiro.
Mesmo assim, o relator acredita que haverá quorum mínimo para abrir a reunião na segunda-feira: “Está tudo certo para ter [a reunião]. Nós combinamos com os membros do Conselho de Ética. Acreditamos que haverá quorum, sim”.
O presidente do Conselho de Ética, senador Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), chegou a enviar mensagens de texto aos parlamentares e enviar ofícios aos gabinetes para tentar garantir a presença de titulares e suplentes. “A minha expectativa é que tenhamos 11 ou 12 [senadores] para votar. Para abrir a sessão, tenho que ter no mínimo nove”.
Se for aprovado no Conselho, o relatório deverá ser analisado pela Comissão de Constituição e Justiça do Senado, que avaliará a legalidade do processo disciplinar. Depois dessa etapa, o relatório ainda seguirá para o Plenário, onde a votação é secreta.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Quem precisa de analista político?


Leio os colunistas políticos para conhecer melhor os meandros da CPI do Cachoeira mas só encontro comentários que confirmam a defesa de posições ideológicas. A imprensa e a “blogoesfera” em clima de FlaXFlu, como diz o Alberto Dines.

A melhor tradução do que está ocorrendo e que vale para qualquer CPI que deu foi o Inácio Araújo, que escreve sobre cinema.


Uol

15.06.2012

Inácio Araújo

CPI: o espetáculo

Não, desde que a TV se tornou onipresente, não há CPI que investigue qualquer coisa.
A CPI é um espetáculo.
Nas perguntas, nas respostas, nos silêncios de alguns inquiridos, na atitude de inquisidores impolutos de outros.
Mas quem pode acreditar nesses canastrões?
Pois a atual CPI não foi desencadeada por um desses grandes inquisidores?

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Faz teu trabalho direito, rapaz.


Jornalista comente deslize grave ao citar Decreto nº 5.540/2005, que regulamenta o pregão na forma eletrônica, como se fosse a Constituição Federal.



O governo do Distrito Federal assinou contratos milionários com uma empresa controlada pelo parceiro de um ex-deputado petista sem exigir dela certificado de regularidade com a Receita Federal, como pede a lei. A beneficiada é a Master Restaurante LTDA, companhia que controla, desde o fim do ano passado, oito restaurantes comunitários que servem refeições ao preço de 1 real. A legislação exige que uma empresa apresente certificado de regularidade com o Fisco ao firmar um contrato com o poder público. No caso da Master, entretanto, a norma foi desrespeitada.
Ao menos dois dos oito contratos foram assinados em 26 de dezembro de 2011, quando a companhia não tinha certidão comprovando estar quite com a Receita. O comprovante disponibilizado pela empresa havia perdido efeito um dia antes. A Secretaria de Desenvolvimento Social admite que havia irregularidade no momento da formalização dos contratos, mas alega ter dado novo prazo para que a empresa resolvesse a situação.
Os contratos, porém, foram assinados antes que a Master apresentasse uma nova certidão. O governo afirma que, nesse período, nenhum pagamento foi feito. Mas a manobra não tem sustentação legal, como mostra a Constituição: "Na assinatura do contrato ou da ata de registro de preços, será exigida a comprovação das condições de habilitação consignadas no edital".
Parte do sucesso da Master talvez possa ser explicado pelas ligações da empresa: o responsável pela companhia é Maurício Pinto Braga, ligado ao ex-deputado petista Juvenil Alves. Braga comandou um tribunal arbitral de propriedade de Juvenil em Brasília. O ex-deputado federal, o mais votado do PT mineiro em 2006, chegou a ser preso em uma operação da Polícia Federal e foi cassado em 2009 por ter feito caixa 2 de campanha.

sábado, 2 de junho de 2012

O inominável ou o que tem vários nomes?

No título a revista semanal fala em Manual, no primeiro parágrafo em documento, e no segundo, Guia de Ação. A dificuldade em nominar o documento esconde o de sempre: a ausência de jornalismo. Os fragmentos escolhidos não dizem absolutamente nada de relevante e o trecho escolhido para ilustrar o ataque ao Procurador da República é irrelevante.

Veja

02/06/2012

O manual do PT para instrumentalizar a CPI do Cachoeira


Reportagem de VEJA desta semana revela a existência de um documento preparado por petistas para guiar as ações dos companheiros que integram a CPI do Cachoeira. Consta do roteiro uma lista de alvos preferenciais do PT, entre eles Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), e Roberto Gurgel, procurador-geral da República.

O guia de ação produzido pela liderança petista, ao qual VEJA teve acesso, não deixa dúvida sobre as reais intenções do grupo mais umbilicalmente ligado ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os alvos são os oposicionistas, a imprensa e membros do Judiciário que, de alguma forma, contribuíram ou ainda podem contribuir para que o mensalão seja julgado e passe, portanto, a existir oficialmente como um dos grandes eventos de corrupção da história brasileira – e, sem dúvida, o maior da República.

O documento foca em especial Gilmar Mendes, que Lula tentou constranger, sem sucesso, em sua cruzada para adiar o julgamento do mensalão, conforme mostrou reportagem de VEJA da semana passada. São dedicados a Mendes quatro tópicos: 'O processo da Celg no STF', 'Satiagraha, Fundos de Pensão, Protógenes', 'Filha de Gilmar Mendes' e 'Viagem a Berlim'. São todas questões já levantadas pelos mensaleiros e seus defensores e que, uma vez esclarecidas, se mostraram fruto apenas do desejo de desqualificar um integrante do STF que os petistas consideram um possível voto contra os réus do mensalão.

Descontentes – Alguns petistas discordaram, à boca pequena, da atuação de Lula. Lembraram que é errado dar como certo o voto de Gilmar Mendes na condenação dos mensaleiros, uma vez que o ministro, por exemplo, foi contrário à inclusão de Luiz Gushiken, ex-ministro de Lula, na lista de réus do mensalão.

Sob anonimato, é mais fácil hoje do que há algumas semanas encontrar petistas fortemente críticos da estratégia de atacar a imprensa e envolver o procurador Roberto Gurgel na CPI do Cachoeira. No documento feito pelos petistas empregados na liderança do partido no Congresso, Gurgel é falsamente acusado de engavetar o caso conhecido como Operação Vegas, em que a Polícia Federal investigou o jogo ilegal no Brasil. O documento do PT dá como fatos as mais absurdas invencionices contra a imprensa, marteladas por blogs sustentados por verbas públicas de instituições dominadas por petistas. A avaliação de deputados e senadores do PT, confirmada por pesquisas de opinião, é que o partido, até agora, é o maior perdedor na CPI do Cachoeira.


terça-feira, 29 de maio de 2012

PGR, como assim?


O mais patético no caso Gilma Mendes – LULA é a imprensa repercutir o pedido da oposição para que o PGR investigue o ex-presidente. Nenhuma palavra sobre tal bobagem: Não existe foro privilegiado.

 

 

Toda Mídia

28.05.2012

Jornalismo bom para polícia


Bom Dia Brasil se limita a contar a versão da ROTA (polícia de São Paulo) sobre a morte de 06 pessoas. Segundo o Repórter era para ser uma reunião discreta mas uma denúncia anônima impediu a tentativa de resgate de importante criminoso. Nada é questionado pelo jornalista nem pelos apresentadores. O comentarista Rodrigo Pimentel até faz referência ao famoso caso “castelinho” que envolveu a ROTA tempos atrás, mas termina por acatar a versão da polícia.

Jornalismo mais cuidadoso teria recontado cada momento desta ação, não foi o caso do Bom Dia Brasil. 



Bom Dia Brasil

29.05.2012

Thiago Scheuer



domingo, 27 de maio de 2012

Um erro atrás do outro


1. Transmitir UFC na TV Aberta;

2. Prometer luta ao vivo e não cumprir;

3. Transmitir a luta 35 minutos depois de encerrada e fingir que é ao vivo;

4. Ignorar o tuitaço (?) e não pedir desculpas;

5.  Por último: Exibir o filme A casa das Coelhinhas;

 

Rede Globo

27.05.12

UFC - 146

sábado, 26 de maio de 2012

Veja também faz jornalismo


Veja

26.05.12

Eduardo Saverin, o brasileiro do Facebook, contasua história

Fábio Altman, de Singapura

Em 11 de maio, uma semana antes da abertura de capital do Facebook na bolsa de valores das empresas de tecnologia, a Nasdaq, o blog Bits, do New York Times, cometeu um erro antológico. Ao fim do texto — "Um fundador do Facebook renuncia à cidadania americana", informava a chamada —, vinha a constrangedora e necessária confissão do risível equívoco: "Uma versão anterior deste texto incluía uma foto publicada erronea­mente; ela mostrava Andrew Garfield, o ator que interpretou Eduardo Saverin no filme A Rede Social, e não o próprio Saverin". Quem recorda a derrapada do jornalão nova-iorquino, lembrança atrelada a um sorriso de Gioconda, incapaz de fazer aparecer os dentes, quase envergonhado, é o próprio Eduardo Saverin. Ele vive uma curiosa condição — a de precisar comprovar, em seu discreto cotidiano de Singapura, onde mora desde 2009, que não é como o personagem do filme e que Garfield, o próximo Homem-Aranha das telas, pode até interpretar muito bem, mas o Saverin de Hollywood nada tem a ver com o Saverin real. "Aquilo é Hollywood, não é documentário", diz, com o sotaque que mistura a típica toada paulistana de quem viveu no Brasil até os 10 anos com o inglês de quem cresceu em Miami, formou-se em Harvard e ficou bilionário por estar no centro de uma das mais espetaculares criações de nosso tempo: o Facebook, de quase 1 bilhão de curtidores e valor de mercado próximo aos 100 bilhões de dólares. Saverin é o sócio número 2 desse clube (cujo primeiro endereço foi registrado na casa dos pais do brasileiro em Miami, ainda como Thefacebook, em 2004), atrás apenas de Mark Zuckerberg. O resto é história.
Ressalte-se que o próprio Saverin contribuiu para o embaralhamento público de seu ego com o alter ego do cinema. Avesso a qualquer contato pessoal que exclua amigos de confiança — "no Facebook não gosto de exibir minha privacidade", diz —, ele tem sido um grande mudo, incapaz de meter seu nariz adunco e as calças Diesel de modelo rasgado onde não é chamado, desde que foi passado para trás por Zuckerberg, recorreu à Justiça, reconquistou o direito de ter quase 5% de ações da empresa (o equivalente a 5,8 bilhões de dólares, talvez um pouco menos, com a oscilação para baixo dos papéis na Nasdaq) e seu nome devolvido ao rol de fundadores. Não falou por imposição de contrato e simplesmente porque não queria falar, protegido pela timidez. É uma fase que termina agora. Saverin recebeu VEJA com exclusividade. Ao contar parte de sua trajetória, a verdade vista por quem a viveu, demole alguns dos mitos que o cercam.
É verdade que a família Saverin deixou o Brasil, em 1992, porque tinha sido incluída numa lista de possíveis vítimas de sequestradores? Não. Aqui quem recorda é o pai, Roberto Saverin, dono de uma companhia exportadora de remédios em Miami. "Sempre quis morar nos Estados Unidos, era um sonho que decidi alimentar porque o Brasil estava em crise, o Collor tinha congelado a poupança, não estava nada fácil", diz. Roberto migrou para fazer a América com a mulher, psicóloga, e três filhos — Eduardo, uma irmã dois anos mais velha que ele e um irmão, o primogênito. Foi somente alguns anos depois, já nos Estados Unidos, que Roberto soube que Eugênio Saverin, seu pai, judeu romeno que montou no Brasil uma das mais conhecidas lojas de roupas infantis de São Paulo, a Tip Top, aparecera numa lista de supostos sequestráveis.
É verdade que Saverin arremessou um notebook em cima de Zuckerberg, como aparece numa das melhores cenas de A Rede Social? Não. "Jamais faria isso, muito menos com o Mark", assegura, e cinco minutos de convivência com sua calma etérea indicam ser muitíssimo improvável, para não dizer impossível, que ele reagisse daquela maneira. É verdade que Saverin leva vida de príncipe árabe em Singapura, rodeado de mulheres e festas nababescas regadas a Moët & Chandon? Não, nada além do que seus 30 anos e o dinheiro autorizem.
Quanto às mulheres, sabe-se de uma única, a namorada nascida na Indonésia que lhe ensinou a arte de tirar os sapatos antes de entrar em casa e cuja personalidade retraída emparelha com a do brasileiro. É verdade que ele vive no prédio mais alto de Singapura, debruçado para o Oceano Pacífico emoldurado por uma cordilheira de arranha-céus modernosos? Não. Saverin muito recentemente deixou o apartamento que dividia com um amigo americano para morar sozinho em um bairro um pouco mais afastado do burburinho. É um condomínio de luxo, sim — uma penthouse foi vendida ali no início de maio pelo equivalente a desavergonhados e quase inacreditáveis 27 milhões de reais —, mas perfeitamente compatível com sua fortuna, construída a partir do sucesso do Facebook (ainda que a derrapagem das ações tenha lhe subtraí­do 230 milhões de dólares em uma semana), e com o padrão altíssimo de Singapura.
Um dos quartos do apartamento serve de escritório. Saverin não tem secretária. São três monitores Mac de 27 polegadas que dividem a atenção com um iPhone e um iPad, permanentemente acessados. A partir desse conjunto eletrônico ele dispara pedidos de compra de ações e investimentos com conselheiros e advogados na Ásia, na Europa e nos Estados Unidos — um deles é seu irmão. A diferença de fuso horário de Singapura para o resto do mundo o faz trabalhar até dezesseis horas por dia. Viaja muito, às vezes quatro vezes por mês, a ponto de saber de cor horários de voos e quando o vento sopra a favor ou contra as aeronaves. Uma das telas de computador está sempre ligada em sites e programas de estudo e simulação de furacões, tsunamis e derivados. É interesse que vem da infância, quando olhava para as nuvens. Em algum momento ele chegou a ganhar dinheiro em mercados futuros de commodities afetadas pelas intempéries da natureza. Não mais, agora é apenas o prazer científico, só comparado a sua paixão pelo xadrez, também trazida lá de trás. Os pais lembram-se do dia em que Saverin, então com 13 anos, ganhou uma partida de um mestre internacional em Orlando. Foi um feito tão fora da curva que virou notícia de uma revista da Associação Internacional de Xadrez. Quando estava prestes a dar o xeque-mate, ele se virou para a mãe, Sandra, e pediu licença: "Acho que vou ganhar, será que vai pegar mal?". Ante a aquiescência materna, encurralou humildemente o adversário.
Saverin age como quem joga xadrez — tenta antever o que virá depois, em lances ora agressivos, ora cautelosos. Dos pais e de Harvard aprendeu que errar muito é o caminho mais curto para acertar, mesmo pouco. Negociador, é nato. Antes de ir para os Estados Unidos, pré-adolescente, vendeu um videogame para um amigo, com quem também dividia o fascínio por Michael Jackson, mas disse ao pai que só embarcaria se ganhasse outro. Levou o que pediu e, de quebra, foi presenteado com um micro Packard Bell, seu primeiro. "Hoje tenho investido como louco", diz. Pôs dólares em dezenas de empresas dos Estados Unidos, Europa e Ásia como investidor-anjo, figura nascida no Vale do Silício. Algumas já andam bem. Quer entrar no Brasil, "porque está em meu coração, sou brasileiro, é o lugar onde nasci", mas ainda não descobriu uma boa janela. Recentemente, em trocas de e-mails, esbarrou em mensagens copiadas para Eike Batista — mas essa ainda não é sua porta de entrada brasileira. Não quer minérios, a não ser que tenha alguma relação com silício, com tecnologia. Insistente, tenta achar um novo Facebook.
Mas onde ele está? "Na área de tratamento de saúde, acho", afirma. Ao amigo com quem dividia o apartamento, com quem compartilhou o quarto em Harvard no tempo da gênese do Facebook e com quem deu a volta ao mundo em 2009 até parar em Singapura (o.k., não eram mochileiros), entregou 500 000 dólares para os primeiros passos de uma empresa, a Anideo, que já faz games de sucesso e um agregador de vídeos. "Naquele tempo do começo do Facebook, eu jogava beisebol e tinha namorada, estava perto fisicamente mas longe no negócio, aí não fiquei rico", brinca Andrew Solimine, o segundo Andrew mais importante da vida de Saverin. O primeiro é o furacão Andrew, que em agosto de 1992 passou por Miami, devastador. "Fiquei fascinado, e, tendo já alguma informação científica, consegui ir até o olho do furacão, literalmente", conta Saverin.
Olho do furacão que não se compara, em força, ao vivido nas duas últimas semanas, depois que a imprensa divulgou sua renúncia à cidadania americana, supostamente para evitar os 15% de impostos sobre ganhos de capital — taxa que inexiste em Singapura e lhe poupou pelo menos 67 milhões de dólares. Acusaram-no até de ingrato e traidor, por não devolver aos Estados Unidos o que os Estados Unidos lhe deram. Saverin nega que tenha fugido do leão do imposto. "A decisão foi apenas baseada no meu interesse em trabalhar e viver em Singapura", diz. "Sou obrigado e pagarei centenas de milhões de dólares em impostos ao governo americano. Paguei e continua­rei a pagar as taxas devidas sobre tudo o que ganhei enquanto fui cidadão dos Estados Unidos." O pai, Roberto, a quem Eduardo tem como ídolo e mentor, revela novos detalhes dessa escolha: "Foi duro também para mim, que construí nova vida nos Estados Unidos, quando o Eduardo disse que teria de renunciar à cidadania. Fez isso não exatamente porque quisesse, mas porque não tinha alternativa, vivendo em Singapura. Toda movimentação financeira lá é mais restrita e burocratizada quando se tem o passaporte americano. Não havia outro caminho". E nos Estados Unidos, admite o pai, sobretudo depois do IPO do Facebook, "seria muita pressão para ele".
Saverin tende sempre a contemporizar, porque é de sua índole, mas também porque não é bobo, e uma palavra fora de lugar pode retornar como um bumerangue. Instado a comentar um dos e-mails enviados por Mark Zuckerberg a outro cofundador do Facebook, Dustin Moskovitz, revelado há poucos dias, Saverin não pisca nem mexe as grossas sobrancelhas, revelando algum incômodo. Escreveu Mark, em 2005: "Ele deveria criar a empresa, obter financiamento e fazer um modelo de negócios. Falhou em todos os três. Agora que eu não vou voltar para Harvard, não preciso me preocupar em ser espancado por bandidos brasileiros". A resposta de Saverin, agora: "Só posso falar bem do Mark, não tenho ressentimento algum; é admirável o foco dele desde o primeiro dia até hoje — foi um visionário, sempre soube que o Facebook só cresceria se mantivesse a ideia central, a de as pessoas se apresentarem verdadeiramente, sem pseudônimos. é a grande força do Facebook, o que permitiu transformá-lo em um instrumento de protesto, como no Egito, mas também de negócios, além do contato natural com amigos".
Personagem decisivo da ainda jovem trajetória das redes sociais, Saverin ensaia outro pulo, o dos meios de pagamento eletrônicos — cerne de alguns de seus investimentos mais pesados, entre eles uma extraordinária ideia de doação para entidades beneficentes do México por meio de cartão de crédito, sem burocracia. "O Eduardo não apenas é cofundador, mas também investidor e membro do board do negócio", diz Aldo Alvarez, o CEO do Aporta — eis o nome da inovação. "Ele não apenas entrou com o dinheiro crucial para iniciarmos a operação como contribuiu com um conhecimento tecnológico extraordinário."
Sempre modesto, Saverin parece não admitir a grandeza do que ajudou a erguer — o Facebook, ou Fakebook, depois das confusões acionárias da semana passada - e daquilo em que se transformou, globalmente. Acha que tem o gene do empreendedorismo porque o herdou dos avós. "Todos, sempre, acabamos fazendo alguma coisa", resume. Os pais conhecem essa admiração de Saverin pelo passado da família. Na semana passada, enviaram um e-mail para o filho. Ele resume, a um só tempo, esse olhar em busca das brechas de oportunidades — típico de Eugênio Saverin, o tecelão da Tip Top, o avô do Facebook — e o jeitão típico de uma família brasileira que foi para os Estados Unidos e viu o filho encaminhar fenomenais mudanças planetárias. Diz a mensagem, atrelada a uma foto: "Dudu. Seu avô Eugênio recebeu do então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, em 29 de maio de 2002, o título de Oficial da Ordem de Rio Branco, um título muito prestigioso que só é dado a pessoas que contribuíram para o desenvolvimento e o progresso do Brasil. Beijos, papai e mamãe". Dudu já tem uma vida cheia de história — e, no entanto, nasceu apenas em 1982, na franja da grande virada iniciada por Steve Jobs e Bill Gates e que culminaria na rede social de Mark Zuckerberg e Eduardo Saverin, rede que do início ao fim da leitura desta reportagem terá recebido 29 milhões de "curtir".

 

El Pais

26.05.2012

 

Víctima o villano de Facebook?

Lo que en Estados Unidos es un multimillonario más, en Singapur es todo un playboy. Eduardo Saverin renunció a la nacionalidad estadounidense días antes de que Facebook, la empresa que ayudó a fundar en la Universidad de Harvard, pasara a cotizar en Bolsa. Su fortuna, meramente una fracción de lo que hubiera sido si su amistad con Mark Zuckerberg no se hubiera roto cuando Facebook comenzaba a ser popular, se estima ahora en 3.000 millones de dólares (2.372 millones de euros). Con ella, se ha mudado a Asia, a vivir a lo grande, mientras una gran parte de Norteamérica le mira como un traidor, huido para no pagar impuestos.
Es cierto que Saverin, de 30 años, multimillonario número 634 del mundo según la lista elaborada por la revista financiera Forbes, se ha ahorrado al menos 67 millones de dólares (unos 53 millones de euros) en impuestos al renunciar a ser estadounidense y quedarse con un pasaporte de Brasil y un lujoso apartamento en un exclusivo rascacielos en la ciudad-Estado de Singapur, refugio de ricos apátridas del mundo entero. Por ello en Washington se considera a Saverin un evasor de impuestos. Hasta el punto de que dos senadores demócratas en el Capitolio, Chuck Summer y Bob Casey, le han pedido a la Casa Blanca que le prohíba la entrada a EE UU en el futuro.
La familia de Saverin vive en Miami, y en Facebook él mismo identifica esa ciudad como su hogar. Y pocas ciudades pueden competir con Miami en el apartado de apartamentos opulentos, coches lujosos y bares frecuentados por famosos. Pero Saverin ha elegido ahorrarse esos 67 millones de nada y vivir en Singapur.
Allí es toda una celebridad, más famoso, por supuesto, que Zuckerberg, y perseguido por admiradores y cazafortunas de toda procedencia. Se deja ver en clubes de moda, posa para fotos con aspirantes a Miss Singapur y aparece en encuentros de fórmula 1. Es el rey brasileño de la noche singapurense.
“Es una desgracia que mis decisiones personales se empleen para el debate público, no sobre la base de los hechos, sino únicamente con especulaciones y desinformaciones”, ha dicho Saverin en un comunicado difundido recientemente a los medios. “Nacido en Brasil y emigrado a EE UU, le estoy muy agradecido a EE UU por todo lo que me ha dado. En 2004 invertí los ahorros de mi vida en una nueva compañía que se creó en una habitación de un colegio mayor. Desde entonces, esa empresa se ha expandido de forma dramática y ha creado miles de puestos de trabajo en EE UU y otros lugares”.
Cuando Saverin se mudó a Singapur, en 2009, se esperaba de él una gran inversión, un innovador proyecto, una nueva empresa que le sirviera de reivindicación. Al fin y al cabo era famoso por ser el cofundador agraviado de Facebook, el joven honesto y bondadoso desbancado por Zuckerberg y su nuevo socio, Sean Parker, el fundador de Napster. Ese era, al menos, el argumento del libro Multimillonarios por accidente, del escritor Ben Mezrich, y su adaptación fílmica, la oscarizada película La red social.
En 2010, el portal TechCrunch publicó una noticia sobre su cambio de residencia. La periodista Sarah Lacy le atribuía la intención de entrar en el negocio de los juegos online para Facebook: “Saverin está manteniendo un perfil bajo, intentando construir algo propio y evitando los focos cinematográficos que su versión de los hechos ayudó a crear. Le doy crédito por ello. Será emocionante ver qué juegos acaba creando para la plataforma que parece haberle ocasionado tanto dolor y que le convirtió en multimillonario y famoso”.
En Harvard conoció a un hombre con un proyecto, el joven y retraído Zuckerberg. Le dio fondos para arrancar su proyecto de red social. Pagó por sus servidores. Y se dedicó a buscar anunciantes. Todo aquello le daría derecho, inicialmente, a un 34,4% de las acciones de la compañía, luego diluidas notablemente por Zuckerberg y Parker, hasta por debajo de un 10% primero y a cantidades mucho menores después.
Saverin demandó a Zuckerberg, y ambos llegaron a un acuerdo extrajudicial, que conllevaba un acuerdo de confidencialidad. A pesar de este, hay analistas que han apuntado a Saverin como una de las principales fuentes en la sombra de Mezrich y su best-seller, dado el detalle con que narra sus experiencias y sentimientos en el libro. Según dijo el bloguero Nicholas Carlson en una célebre entrada en Business Insiderde 2010, el libro “es la historia de cómo Eduardo se enfadó con Mark y de cómo, desde el punto de vista de Eduardo, Mark le jodió con una buena parte de las acciones de Facebook”.
Tanto en el libro como en la película, Saverin queda retratado como una víctima de la crueldad y la indolencia de Zuckerberg. Era el estudiante aplicado que, al contrario que Zuckerberg, sí acabaría sus estudios,magna cum laude. Era el prometedor hombre de negocios, presidente de la Asociación de Inversores de Harvard, que trabajaría como becario en las oficinas de Lehman Brothers en Nueva York. Era el joven agradable y por todos querido, aceptado en el exclusivo club Phoenix de Harvard.
De él escribe Mezrich, cuando narra un viaje a California en el que se da cuenta de las posibilidades de crecimiento de Facebook: “A Eduardo no le importaba estar en un discreto segundo plano, aquí en California. No había entrado en ese negocio por la fama. No le importaba si la gente sabía que él también había estado en aquel dormitorio [en el que se creó Facebook], o si sabía que era dueño de más del 30% de la empresa, que era la persona con más responsabilidades sobre un millón de usuarios, aparte de Mark. Solo le importaba que a esa gente le gustara el sitio web”.
Zuckerberg ha mantenido, durante estos años, un sepulcral silencio sobre su relación con Saverin. Ha capeado el libro y la película con estoicismo. Eso ha contribuido, en cierto modo, a que la historia que se ha contado sobre los orígenes de Facebook haya sido la de Saverin. En la saga novelesca y cinematográfica, Zuckerberg crea Facebook con los fondos de Saverin. Mientras, traiciona en secreto unos compromisos adquiridos con los apuestos gemelos Cameron y Tyler Winklevoss, con los que había llegado a un acuerdo para crear una red social. Cuando Facebook resulta un éxito, Zuckerberg traiciona por segunda vez, en este caso a su gran amigo Saverin.
Si Zuckerberg contara la historia, lo haría seguramente de un modo diferente. En septiembre de 2010, coincidiendo con el estreno de la película, aparecieron en el portal online Tech Crunch algunos correos personales del creador de Facebook. En uno, de 2004, dirigido a otro confundador de la red, Dustin Moskovitz, expresaba su verdadera opinión sobre Saverin: “Sigo manteniendo que se jodió a sí mismo… Se suponía que debía comenzar la empresa, ganar financiación, crear un modelo de negocio. Fracasó en esas tres cosas… Ahora que sé que no volveré a Harvard, no me tengo que preo­cupar por si me dan una paliza los matones brasileños”. A ojos de Zuckerberg, era más un aprovechado, y un lastre, que un amigo.
Saverin no se mudó a California cuando el resto de la empresa lo hizo, a principios de 2004. Se dedicó a avanzar su carrera en Nueva York, dejando que la red social creciera al margen de su influencia. Zuckerberg nunca se licenció, pero llevó a Facebook hasta elevadas cotas de éxito, con la apoteosis de la salida a Bolsa de este mes. Con él fueron a California sus dos compañeros de habitación en el colegio mayor. Moskovitz fue el tercer empleado de Facebook, su jefe tecnológico y vicepresidente de desarrollos de ingeniería, hasta que abandonó la empresa en 2008. Chris Hughes fue el primer jefe de prensa, y volvió a Harvard para licenciarse y para pasar a trabajar en la estrategia de redes sociales de Barack Obama.
Moskovitz creó Asana, un programa para maximizar la productividad en el puesto de trabajo. ­Hughes compró la mayoría de la participación en la revista The New Republic y es ahora su director. Y ¿qué hay de Saverin, cuando ya tiene su dinero? ¿Qué ha hecho desde que le desbancaran en Facebook? ¿Qué tiene que aportar, frente a los 901 millones de usuarios activos mensuales de la red social?

De momento, poca cosa. Saverin ha inyectado algunos millones a algunas nuevas empresas de la Red, como Shopsavvy, un comparador de precios; Qwiki, un portal social para compartir vídeos, y Jumio, para hacer pagos a través de la tecnología móvil. Esas inversiones suponen menos de un 1% de lo que ahora es su fortuna, según estimaciones de los analistas. No hay grandes proyectos ni ideas brillantes. Saverin vive la vida de unplayboy.
En Singapur conduce un Bentley, un coche de lujo que viene a costar alrededor de 200.000 dólares. En una noche de diciembre pidió en un local seis litros de vodka Belvedere y 20 botellas de champán de la marca Cristal, según el diario The New York Post. Los diarios y revistas de Singapur le muestran con frecuencia rodeado de chicas hermosas, de grandes sonrisas y cortos vestidos.
En el libro Multimillonarios por accidente se le atribuye a Saverin una temprana predilección por las mujeres asiáticas. “No es que los chicos como yo se sientan atraídos, normalmente, por las mujeres asiáticas. Es que las mujeres asiáticas se sienten generalmente atraídas por chicos como yo. Y si intento optimizar mis posibilidades de triunfar con la mujer más atractiva, tengo que pescar entre los grupos que puedan estar más interesados en mí”, dice.
El interesado, poco dado a prodigarse en los medios, ha intentado contener recientemente la indignación provocada por su renuncia al pasaporte estadounidense, que tuvo durante 10 años. Primero, ha actualizado la foto de cabecera en su perfil de Facebook con una captura de pantalla de los primeros días de la red social, en la que firma como cofundador, con el adjetivo de “brasileño”. Luego, ha dado algunas entrevistas a unos pocos medios de EE UU. Al diario The New York Times le ha dicho: “Es todo falso, especialmente lo de que soy unplayboy. Es cierto que tengo un Bentley. Es cierto que salgo. Pero es mejor que no entre en detalles personales”. Y ¿cómo se define? “La gente siempre trata de convertirte en un símbolo de algo. Si trabajas en un banco, eres un banquero. En mí ven un cofundador de Facebook”. Así ha sido durante años. Y puede que así sea para siempre.