quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Bala perdida, imprensa perdida

Quando o assunto é complexo os jornalistas não conseguem explicá-lo; mas pior do que é isto é uma imprensa que não apura os fatos. Afinal de contas morreu uma adolescente de 15 anos na noite de terça-feira no Morro do Alemão? Para o Uol Notícias, sim.  Para o exército não. A fonte da informação do Uol é o depoimento de moradora.

Uol Notícias
07/09/2011
Hanrrikson de Andrade


Os moradores que tentam entrar nas comunidades do Complexo do Alemão, na zona norte do Rio de Janeiro, continuam sendo revistados pelos militares da Força de Pacificação, principalmente os que conduzem carros e motocicletas. No início da noite de terça, um tiroteio de quase duas horas entre soldados e criminosos assustou a população da região, que foi obrigada a se trancar em casa.

Uma adolescente de 15 anos morreu após ser atingida na cabeça por uma bala perdida, e um homem foi ferido por estilhaços de uma granada.

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A polícia investiga se o confronto de ontem foi provocado por traficantes da facção Comando Vermelho (CV) que conseguiram fugir durante o processo de pacificação, no fim do ano passado. Eles teriam invadido as comunidades da Baiana e do Adeus, no Complexo do Alemão, a fim de retomar o controle nesta localidade.

Segundo informações passadas por moradores, homens armados possivelmente com fuzis estavam no alto da favela efetuando disparos contra os militares. Segundo V., que mora na favela da Grota, um grupo de pessoas atirou fogos de artifício contra um pelotão de soldados que circulava próximo à comunidade.

"O pessoal está comentando que o cara jogou e saiu correndo. Os soldados começaram a atirar e depois foi tiro para tudo quanto é lado. Algum bandido deve ter arma escondida em casa", disse uma pessoa, sob condição de anonimato.


Alguns minutos após o início do tiroteio, moradores relataram barulho de explosões de bombas na estrada do Itararé. Fogos de artifício foram lançados à medida que os pelotões do Exército subiam pelas ruas das comunidades (uma tradicional estratégia dos traficantes para alertar sobre a entrada da polícia). Mais cedo, um carro de transporte de soldados foi atacado com tiros e granadas no mesmo local.

 

De acordo com Carla Lúcia da Silva, a sua sobrinha Ana Lúcia da Silva, 15, foi levada ainda com vida para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Penha, na zona norte do Rio, após ser atingida na cabeça por uma bala perdida. No entanto, a adolescente não resistiu e teve morte cerebral decretada.


G1_ RJ
07/09/2011
Lilian Quaino
Ataque ao Alemão foi articulado por traficantes de fora, diz Exército

O comandante Militar do Leste afirmou que os confrontos no Conjunto de Favelas do Alemão, na Zona Norte do Rio, foram articulados por traficantes que estão em outras favelas e que querem voltar a dominar a área. "Tenho certeza de que esse primeiro ataque no Alemão foi articulado por grupos em outras comunidades não pacificadas que estão querendo voltar ao Alemão", afirmou o general Adriano Pereira Junior, no início da tarde desta quarta-feira (7). Ele disse ainda estar investigando suspeitas de que um traficante foragido da Vila Cruzeiro poderia estar por trás da ação.  

Após o desfile de sete de setembro, realizado pela manhã no Centro do Rio, o comandante Militar do Leste,  o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Mário Sérgio de Brito Duarte, e a chefe de Polícia Civil, Martha Rocha, participaram de uma coletiva de imprensa para falar sobre os confrontos no Alemão.

Já Beltrame afirmou que traficantes tiveram acesso ao Alemão pela Vila Cruzeiro. "Tenho informação de que um pequeno grupo de traficantes entrou no Alemão pela Vila Cruzeiro, de carro, desencadeando os fatos", disse o secretário de Segurança Pública, acrescentando que "nada vai ser consertado de uma hora pra outra depois de 30, 40 anos de abandono".

De acordo com o general, esse foi o primeiro problema desde a ocupação da Força de Pacificação, em novembro. "Isso foi uma reação ao anúncio do Exército de prolongar sua permanência no local. Em dez meses de ocupação, houve em torno de quatro mil a cinco mil abordagens e só teve problema em uma".

Para o comandante, os tiros da noite de terça-feira (6) não foram disparados de dentro da área de atuação da Força de Pacificação. "Alemão e Penha não têm armas pesadas. Os tiros vieram do Morro do Adeus e da Baiana", afirmou o general Adriano Pereira Junior sobre os morros que passaram a ser ocupados pela Polícia Militar.

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O Teleférico do Alemão passa por uma inspeção para verificar se foi atingido durante o tiroteio iniciado na noite de terça-feira (6). Segundo a SuperVia, ele não funcionaria nesta quarta-feira por causa do feriado.

Exército nega morte de jovem por bala perdida
O general Adriano Pereira Junior negou que uma menina de 15 anos tenha morrido, após ser atingida por bala perdida. "Não passou de uma armadilha do tráfico", garantiu o comandante, acrescentando que os policiais procuraram pela suposta vítima em todos os hospitais da região e nada encontraram.


Estadão
07/09/2011
Glauber Gonçalves 
Após tiroteio, Exército vai enviar mais 200 homens ao Complexo do Alemão

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A informação dada por uma moradora de que a sobrinha dela teria sido morta por uma bala perdida foi contestada pelo general. "Passamos a noite com nossa inteligência procurando em todos os hospitais. Isso foi uma coisa plantada para piorar o clima", disse. Ele declarou ainda que é improvável que uma ação como a de ontem se repita. "Dificilmente vai voltar a acontecer o que ocorreu ontem. Foi um tiro no pé do tráfico Ficou claro para a população que houve uma orquestração. O tráfico não quer a nossa presença lá", disse.

O general admitiu que o Exército respondeu aos disparos feitos pelos traficantes com armamento pesado. Ele também confirmou que ainda há tráfico na região e que traficantes de fora eventualmente circulam na área. "Existe tráfico lá dentro. Não há paz completa", disse. O comandante afirmou ainda que o Exército vai voltar a ser mais rigoroso nas revistas, mas prometeu respeito aos moradores da localidade. "Vamos voltar a fazer mais revistas nas pessoas que pelas atitudes indicarem que estão fazendo algo errado", declarou.

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